quinta-feira, 17 de abril de 2008



Aquário



Estou tímido e nu na ralé passageira
Soando no campo, deitado e valente
Sentido o macio algodão do fundo
Nesse aquário vazio e profundo.
Daqui eu vejo saturno, distante e templário
Daqui eu me mato e me conheço,
Já tentei voar, já tentei sorrir e andar descalço
Mas minhas expressões a lua levou consigo
E bato no vidro ao tentar erguer o rosto
E se aquecer na displicente manha sonora.
Ouço o canto dos pássaros tinindo a liberdade
Acordo aos calafrios, sentenciando um novo dia
E descubro as violetas azuis, as pedras aladas;
Sou como a flor de verão que resplandece o clima
Que não anda, que não vê, mas que é vida
Que se faz única pétala, única beleza, única...

Banho-me nas águas coloridas e saudosas
Do grande rio que sai de meu coração,
Estou sem cor, estou na luz sépia e andante
Que a tarde nublada constrói. È assim...

Quiçá um dia o sol derreta minha redoma de vidro
Quem sabe um dia o vento leve meus poemas.

Gabriel C.


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