segunda-feira, 24 de novembro de 2008



Mais



Mais, mais, mais que o corpo absorve
As matas mestiças, os barcos estranhos
Mais que meu coração suportar, ainda mais,
Andarei pouco acima dos meus olhos;

Para não me desgarrar uso a vida
E para me esquecer procuro a morte,
Então descalço caminho as trevas, e mais
Bem mais que profundo, longe demais.

Tampouco, nem pouco, um pouco mais
Acabo transparecendo restos passados de dor
Ou um trecho a mais de uma grande flor,
Flor, as vezes colorida demais, a mais.

Faço de escasso um sorriso a mais
Menos jamais do que possa ser, vento jamais
Possa partir tarde demais, fingir que traz
Poucos rios de lagrima, poucos fins, e mais.

Sempre mais, sempre um grande a mais
A mais que aquilo da noite passada
Aquela prosa sem rimas, aquela dose de rum
Aquelas que sem mais, muito a mais.

Vidas astrais, pensamentos, vitrais e passarelas
Difusos mais do que possíveis, a mais
Belos e carnais como dos versos e mais
Melancólico e gritante como poderia, ou até mais.



Jamais escrevi tão longe de mim, 23 de novembro de 2008, Gabriel C.

sábado, 22 de novembro de 2008



Escassas maneiras de sorrir



Olhando as paredes, saindo de mim devaneio e ardor,
Fotografias espalhadas por todo o teto
Incansável desatino sem freio a gritar tão mudo
Mudo do vidro a força e a poesia me atrai.

O leito em mim, quebradiço como quase tudo
Não me abraça como antes, se vai com a brisa;
Os que passam por mim esquecem as caras
Esquecem partes que constroem meu interior.

Tente entender como sou e como sei,
Que para os poetas as maneiras de sorrir são escassas;
Entendeis que a poesia sincera e bela necessita de dor,
E é a mascara mais verdadeira que o rosto.

Quando fitares meus olhos não se vá sem perceber
Que não preciso que exale nada alem do que possa ser,
Não procuro uma forma de morrer por nada
Procuro um eterno que não seja enquanto dure.

E enquanto isso, sem inspiração uso a necessidade
E se fazem presentes as infinitas formas de chorar.


Infeliz forma de ser, 17 de novembro de 2008, Gabriel C.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008



Poesia vazia



Falares de amor com o coração intacto, então mentes;
Faz uso de palavras tonantes, cheias de dor
Quando teus seios jamais foram deixados no inverno,
Peca tantas vezes sem sair de si mesma, deixando-se amar.

Passas a pé a escorreres lagrimas pelo corpo, pálpebras secas,
Sendo intocável teu dorso, sendo inamável seu antes;
Sendo curto, inflamável e raso teu olhar presente
Não fareis nunca de mentiras tuas, verdades alheias.

Tu que tratas os poetas sinceros, estatuas adoradas
Que distantes escondeis sentidos sagrados;
Não fales de amor no singular e nem fale insensível
Aquilo a quem te ama e daria as letras um sofrer.

Não revelares a poesia tremula de seu amante
Aquilo que fazeis de ti fria no calor de amar,
Não jogais palavras ao léu, descubras tua sina
E perto entendereis que a ti adornarei um sempre.

Ide aos mais fortes versos e verás colossal
Tamanho que se torna os cadernos do ser que relata,
As estrelas, os teus olhos, teu amor
Exige as estrofes mais do que os poetas suportam...


Eis então que faço dos papeis parte de mim;
De minha fala sinos de silêncios gritantes e taciturnos.


Gabriel C.