segunda-feira, 30 de junho de 2008





Ponte



Ponte que por ti passa tantas dores
Lembranças breves de cada abraço
Passagem que leva ao redor do tempo,
Tu se esqueceste das noites claras?
Não recorda mais de meus sorrisos
Nem chora ao pensar em mim.

Você que agora olhos distantes
Vejo tremer, mas não sentir frio,
Linda ponte que nunca viajou
Por ti passas também tantos amores
Águas limpas e rios tão belos
Porque não volta a viver?

Ponte que guarda meus desejos
Existe eterno dentro de mim
Suas pedras, tua força, teu coração
Por não ser duro e gelado
E sim sonhador vulnerável.

Ponte milenar e minha amante
Tu não és razão de meu embora
Mas sim o alicerce do meu amor.

(Bons tempos...), Gabriel C., 28 de junlho de 2007

sábado, 28 de junho de 2008





Sonho



Gabriel! Gabriel acorda!
Vai dormir no quarto!

Eu me levantei quase pegando a pipa,
E me deitei na bela cama de lis,
Sonhava com a bela garota de botas amarelas,
De nome Suzam, garota amiga infinda
Ser magnífico que quando ainda não podia,
Ainda não sábia, me ensinou a escrever.

Eu descansava numa grossa rede
Soando um choro fino e incoerente;
Acolheu-me as lagrimas e sem mais
Deu-me um lápis e um papel,
Da poesia ela se fez pura e mãe
Me fez escrever, “O céu está vermelho”
Disse que jamais poderia estar!
Haveria de estar rubro sim, tal imensidão
Eu era mudo, eu melancoliava as manhas.

Hei que enxergaria agora um teto sangue
Entendi que em versos assim sonantes
Tudo que fala é mudo e o coração se desconhece.

(Num sonho conheci a bela Suzam, linda guria), Gabriel C., maio de 2008

quinta-feira, 26 de junho de 2008




Ana



Que te diz os céus, Ana então não percas
Se te permites sorrir e brilhar, aqueça
Erga-se e com braços abertos, Ana ame
Ame como destreza, abra-se pra dentro.

Se ti sorristes assim a tal preço Ana,
Vá em frente, ame e se perca
Mas jamais recue Ana, entregue-se a chave
Necessitas de calor, ame Ana, ame.

Quando abristes seus olhos na cama
Abrace o presente, pois se existe é amor,
Restas coração, não deixe fugir, vá e ame Ana.

Se caso perdestes o rumo querida, és real
E que em ti prevalecestes é só amar, somente
Aí então, não esqueças de amar, ame Ana, ame.

(dedico o singelo escrito a querida Ana Beatriz, "ame Ana, ame"), Gabriel C., 2 de junho de 2006




Torre de Babel



Nessa festa. Nessa cama, muitas almas
Passeiam a não pensar em nada;
Respirações mutuas, mas estou sozinho,
Sozinho, em mais um quarto em mim.

Calores, corpos, é Torre de Babel
Não compreendem o que digo,
Não enxergam minhas mãos de poeta
Que mancha tudo que bebo, tudo que sou.

Distantes, eles estão longe demais,
Inacessível fortaleza e calabouço eu pereço
Onde brota ouro e jorram letras
Do chafariz que sempre me afogo.

“Porque”, quero um dia tocar-te,
Uma vez entender, por onde andei
Onde chegarei com tanto peso,
Com tantos poemas manchados de dor.

Gabriel C., Anos atraz...




Os anjos


Nesse verde, pálpebras insistem molhar
Às vezes falta luz, vida por exemplo;
E em meio às arvores choras trêmulo,
Do tão doce sentido de amar,
Mas não se levanta e vê a lua
Não tem a casta vontade de aceitar
As asas, e quem vêm te salvar
Quando chega e te avista, nu, sozinho
E teus ombros já frios, teu rosto pálido
Corre violentamente e seus olhos
Nem sequer enxergam o que voa
Quem distante te ama, e que perto lhe quer
Quem platonicamente te esperava
E te viu em prantos querer viver.
Em fim te abraça, e tu repeles
Tenta cantar, mas tu calas o som
Corta suas asas, e mata-lhe.
Enfim o anjo vira apenas uma lembrança
Uma lagrima de sangue na vasta floresta.

(As pessoas matam os anjos, sem mesmo lhes enxergar), Gabriel C., 29 de novembro de 2007



Meu amor



Aqui no deserto, a palma o sol;
Vento que acalma meu silencio;
O porto que não existe;
Os medos que sem mais persiste.
Os sonhos que não os tenho;
Há muito me deixa magoa
Areia que em mim deságua
Tempo, tempo o tempo...
Longe que leva estatua de vidro
Miragem refletida aos olhos meus
No calor preciso e vivo.
E vai-se a ultima gota
Alambrado e meus limites
No mar o luar és triste
Onde estas a sereia cintilante?

No inverno não terei casa,
Pois se na luz quente,
Amor, não sei mais beijar;
E na passarela, no rio
Se vão e ficam meus sapatos;
Nem saberei por onde ir;
Porque não saberei?
Porque quero mentir?
Porque nessas histórias
Suicídio tenta meu pudor.

Querida se esvai, uns dias
Volta, vem, vai... Mas...
Sempre está, nunca se foi
É apenas fabula, vontade oculta
Lá distante, quase no fim
O trem aparece eu ouço ruídos
A velocidade, a altura do edifício
O que pensarei? Retroceder inútil,
Chores em meu peito, lembre
Estás no eterno existir de um poema
Dos meus poemas, do meu amor.

(Ao total contraditório, como os sentidos que iam e vinham na época) Gabriel C., 7 de fevereiro de 2008



Sobreviverei



No fulgor do clarão, imenso serei
Assim como termos, futuro é pipa
Que com vento vai, tentarei voar, e depois
Irei vagar por entre todos infernos;
Procurar o que vem depois de cada segundo
Quando Paralelo és tão invisível, sou interprete,
De uma turva vontade de amar;
Vou calar os bueiros, imortais como eles
Para que o passado onde piso
Jamais retorne a viver presente.

É estupefato, viril e inatingível
O que fiz, os corvos degradaram com sol,
Com asas que matam a fome
Do ser que observa do céu a morte,
Que sobrevoa um luar, que transpira;
Que faz-te tão alto o som do silencio.

Ando por aí, tocando bocas, sorrindo
Caço lugares para cultivar o amor
Dos bares, das pernas sobreviverei...

E quando encontrar, não sei, talvez.

Gabriel C., poema estranho.

terça-feira, 24 de junho de 2008





Minha fala



Um velho musgo a grudar meus dias
Sais de mim sonho passado, sumas!
Se vens assim a querer-me feliz?
Lembra-te, tua liberdade foi meu tormento,
Eterno eram horas de chuva.
Cale a boca, pois me degradei sarjeta;
Como me secas, se nem sei ainda voar?
Porque entras em minha casa sorrindo?

Estou na janela e sinto o vento
Mas achas meu corpo limpo? Acha meus olhos secos?
No mínimo costurados, remelas póstumas
Meu interior agora receio de momento
Que por sinal virá num breve de repente,
Aí, nem saberei onde as mão devem ir
Ou onde o coração irá bater, pois não posso esconde-lo.

Reflita esse ódio repentino, não julgue-o;
Apesar de nem cogitar tal absurdo.
Nesse teatro que a força incendiou
Agora a peça começa, agora é o meu personagem
Minha vez de esquecer do mais próximo
De egoistar meu sonho mesquinho
E olhar onde encaixo a possível felicidade.

Gabriel C., Um dia qualquer...







Teatro de Vidro



Cidade do caos, meu teatro
As flores nascem e morrem;
Estou chorando, eu sei
O sol bate na lente e derrete
Um cardíaco sonho de inverno.

Caminho descalço nas pedras
Nas ruas de cacos de vidro
De sentido que não posso, amor
No torpor que odeia violetas,
Violentas, como assim a antítese.

Pipas voam no céu, no dia,
Pássaros vão e vem do mar.

A maresia cai de mim.

(Depois de querer as rosas selvagens) Gabriel C., 16 de junho de 2008

segunda-feira, 16 de junho de 2008




Um Anjo



Um clarão virgem passa lá fora
Outro, outrora já não é,
Mesmo véu vem expandir.

Um anjo repentino, luz
Cor na velocidade equivoco, sonho
A vala entre os opacos.

Um anjo, olhos esquecidos,
Caídos em mim, noturnos
Meus dias escorrem um tempo pacato.

Indiferente, é noite, é blues
E esse saxofone, aquelas assas
Um anjo, um passar, um olhar.

Gabriel C. maio...

quinta-feira, 5 de junho de 2008




Icógnita



Hoje, matriz da plena, só
Das incógnitas, é ser, é...
Presente, inda razão, meu mar
E o vento que leva, borboletas,
Grão de areia, esse espanto
Trevas, nublado, trânsito;
Arpoador, sal e álcool
Presságios a beira da morte;
Um tempo pro fogo,
Um visto pra lua,
A sina da lagrima,
A sacra do sol.

Noite só, só, maresia estupefata
Estrela te espera, no quando
Da escuridão horizontal, navalhas
De meus olhares, da vista;
Aguardo a manha, bebo
Escuto o silencio, o barco
O dilúvio na pedra, o amor.

Palavra esta, incógnita
Não posso citar, desconheço
Lúdica, efêmera, sentido tão...
Tão, tão...Hoje aqui no Rio
Tenho a inspiração do teor
Dos goles que descem,
Do que tanto me lembro.
Gabriel C, Um dia no Rio...

quarta-feira, 4 de junho de 2008





Uma nova flor



Minha flor,minha tempestade
Em teu seio que reside anjos,
Nesse pranto a percorrer meu lar,
Vermelho sereno és teu olhar
Que lava meu ser, que me veste,
Nesse melodia, nessa procura.

Enquanto essa bela lua, essa luz
Vaga nos pastos, banha o inverno;
É aqui que ainda perambula;
Tudo daquele vasto e simples falar,
De um lapido e magnífico olhar,
Que da mana singela, estrela nascente
Acende os cantos de mim escondidos.

(Dedicado a ti, flor que nem sequer toquei, mas que desperta as cores que meus olhos já não enxergavam) Gabriel C., 2 de junho 2008




Pautas



Desgraço a noite que cai em mirra,
Desminto as borboletas, elas dizem “acabou”
Elas mentem, tenho sangue que não para
Que escorre por dias, por meses.

Tenho desenhos, pétalas de livros;
Moro numa casa destelhada, volto,
Vem toda angustia,o órgão bate, aperta,
Sinto, quando o frio do sul invade meu corpo.

Não sou a garça que migra, meus sois
São quentes encefálicos, são lagrimas;
Deve ao meu dia, a que inventei escrever
As coisas, a plenitude tão interna.

Vivo na trema vontade sonora; telepática
Quero, evito, mas é, mês vem, é tudo...
Há aqui melodias, rosas e espinhos;
Que tirei de seios alheios, de calores.

A canção, o piano infestado de musgo,
O horizonte que vejo, menino o vento
Bate,a pipa não leva as cinzas, a terra,
A poça onde semeei a solidão,o fim.

Assim não se dá final, adeus, jamais,
O gume que lambe, o galado que corta;
Os temores que odeio. Quero viver
Sem precisar chorar nas pautas caladas.

(contradições) Gabriel C., 29 de maio 2008