quarta-feira, 16 de abril de 2008




Arvore



Vivo um abril diferente, uma apoteose;
Um termo que não defino nem descrevo
Vegeto no tempo nublado, sonhando
Em ter quem falar, quem abraçar,
Quando tento alarmar meus sentidos
Os papeis já não contem gotas de sal.

Indago aos cantos, aos temas escritos
Porque terei de tocar, viver, sentir
Se meu tempo há de querer as rosas
Se no clima procuro a cor invisível,
Na estante repouso breve, e de repente
Eu correrei por todo sonhar inútil.

Hei então de percorrer todo pomar
Para assim quando no abismo entrar
Saberei tanto de viver e do porque nascer;
No vidro da janela embaçada do vapor da boca
Verei uma mãe, verei o semblante retiro,
Encontrarei a semente na primavera.

É inverno e as nuvens caladas não choram
A mãe da terra no meu quintal, seca
Desfaz-se para assim se renovar na estação,
Em que eu verei em que me amarei,
Sairei do meu leito e do colo devasto
Colherei, comerei e do ventre arvore se fará.

(È abril, é o mesmo nome, mas o tempo se foi, pessoas se foram)




Gabriel C. , 16 de abril de 2008


Um comentário:

«†»Täyñä®ä«†» disse...
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