terça-feira, 1 de julho de 2008





O medo que eu nunca pensei



Hoje nos caracóis dos cabelos meus
Prevês a túnica do mais bravo homem;
Do homem que na areia cavas a buscar
Que vem no ar em movimento
No transparecer calor solar,
No entristecer unipolar e mais um;
E mais estiro um cadáver no chão,
Tombo patrimônios como o andarilho
Como os vadios na noite, na cidade;
Nos cobertores que cubro, o passado
Eu despisto o filme, o meu errar, o meu...
Então quero ser pescador depois de velho,
Então quero receber toda graça do vinho,
Dormir no chão da catedral central;
Ainda sim, acho pouco a decadência
Terei de ser o que então, como irei pedir
O pão, o amanha e as carambolas maduras;
Vou ter que morrer aos poucos, sofrer,
Lamentar o dia que esquenta, o frio que rasga;
Eu não sou mais Carlos, infindo queria
Tanto eu queria, mas vida há de faltar
Mãos hão de me pegar, eu estarei
No fim, na revolução interna, na decisão
No bater do martelo, no decreto final.

Para morrer, vou sofrer a esperar, vou perder
Esperarei acabar, angustiarei por vida,
E numa madrugada, num sono covil
Acho mesmo que serei queimado por crianças.


(O que veio repentino), Gabriel C., 2 de julho de 2008


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