sábado, 27 de setembro de 2008



Depois do Circo



As casas simples e meigas na névoa
Pairando na leveza matinal;
Eu adorava as janelas abertas,
De um vernís desbotado na soleira,
Que se encaixavam os braços
Velhos, cansados a segurar o café.

As pedras da rua, como eu amava
Sentia tanto, que aos poucos paravam
Os meus olhos, que sem tempo sumiam
Naquele clarão de manhã eu vivia.

Pois eis que então, demais solitude
Inerte e calado, a maquiagem
E o rosto limpo, um olhar cálido;
Bailarina, contemplei noite de velas
Nas pontas sapatilhas mágicas
Aos poucos levavam meu corpo.

Acordei nos telhados, nas imbaúbas
Sonhando, lembrando, oh balé!
Que de passos lavou o peito taciturno;
De dentro o circo se fez infinito.

Mas quando correndo volto a lona
Não havia mais lona, não havia mais.
Nem os palhaços que de bobos me viram
Saltaram de tal forma que também não via,
Pus-me a andar, revirando o vento, sacudindo ar;
Fui vagar nos sonhos e não podia.

Então, andando pelo beco cheio de saudade
As pedras diziam sobre a partida repentina.
O sol entrou em meio à fenda, eu despertei
Desde então sou homem e o resto não era o mesmo.


Gabriel C., 27 de setembro de 2008


Um comentário:

Pensamentos disse...

Hummm.Belo amigo

muy belo...