sexta-feira, 4 de abril de 2008




Hei de ser



Hei de ser apenas memória
Póstumo, tenho peito nu;
Hei de estar no meio,
No meio do parque,
No coração da donzela,
Hei de não mais sentir
Na luz clareado;
No sentir, no zarpar,
Hei de ser um morador
Dos becos, nas ruas
Por entre os sonhos nas noites;
No transito futuro
Hei de sentir todas
Encarar tudo que é dor
De temer todo o eterno
(si é que existe tal modo).
Quem sabe serei na escuridão
O único olho, mais cobiçado;
Hei de ser amor ou ódio,
Não poderei ser tão assim,
Porque hei, serei e sou,
Mais de um sonho
Ou ate talvez pescador.
Hei de ser quem tira a vida
Quem bebe o sangue,
Ou quem amamenta
Quem de si tira a vida
E aí sim, tiro a vida
Tirarei a vida e me atirarei
Na tal solidão, na grande multidão
Estarei sozinho, hei de ser um só.
Hei de ser amor de mãe
Ou ódio de um amor perdido.
E quando assim serás
Hei de ser um ser só na poesia
Hei de ser o único escrito nas folhas
Hei de ser lembranças suas,
Hei de ser seu coração perdido
Nas cinzas do passado
Que deixei nas mãos imóveis
Do tempo que nunca para.

Gabriel C.

Um comentário:

felix disse...

Putz, vc escreve bem hein! Mandou bem nas poesias aí, muito... sei lá, meio Sartre, ou Nietzsche, tipo Zaratustra, sacou?
Vou frequentar seu blog sempre, Menor