domingo, 13 de abril de 2008




O bicho que voa



Eu tinha uma casa na arvore
E também vários brinquedos
Carrinhos coloridos, heróis de plástico
Amores perfeitos e um teco-teco.

Da madeira cheia de balas
Onde eu criava meu mundo
Foi um dia, um belo dia;
Que vi um bicho que voa.
Uma escultura nômade,
Um passarinho que pousou
Em meu peito, em meus dias.

Depois de vários segundos e olhares
Eu já não era mais um menino;
Os brinquedos ficaram preto e branco
O passarinho pardo estava psicodélico,
E o resto que há tempos cenário escuro
De um salto eram estrelas a nascer do chão

Eu tinha um tesouro, eu era inseguro
Vi que eu era um homem, eu sentia.

Então numa manhã gelada
Do meu leito eu chorava,
O passarinho lá longe migrava...
O menino sumiu, o homem agonizava.
Um retiro de meses, enfim calcei o real.

Eu agora era um velho e no meu coração
Um poleiro vazio e penas lembranças
Um dia iria, eu sabia disso. Tudo se foi.
Eu amei um bicho que voa sozinho
Ele se foi, eu só lamento, eu o perdi.

De nada desisto fácil, mas tenho que aprender a perder.

Gabriel C. , 13 de abril de 2008


Um comentário:

«†»Täyñä®ä«†» disse...

Ola!!
Saudades!!
E aí td bem?
Poxa como sempre vc escreve magnificamente!! Parabéns!!
São palavras que tocam muito profundo, bjão!!