quinta-feira, 1 de maio de 2008




Florescer



Amamento-me na faixa da rua
Continua dos becos mais sujos,
Alimento os próximos dias ruins;
Acalento um viril e dócil dragão,
Durmo em Orion e velejo
Na primavera marrom e há,
Há em mim a cortesia da morte,
Que chega aos dias comuns.
Onde moro nas milhas, no asfalto
Em que piso descalço e queimo,
Com o grosso calibre de sol, dos olhos
Das meninas que me julgam.
Ou talvez dos livros mofados
Que da minha estante me olham.
São muito tão belos, são todos
Leais, porem trágicos e fúnebres;
A lua persegue meus passos;
Há de que sair de meu andar,
Acabar na tortura, é doce a dor
Das águas lápidas que me banham,
E de vivas tem tanto de meu corpo
Alimentam um jardim, e as flores
Tupãs que desprezo sem cor floresce.

Gabriel C. , 27 de abril de 2008

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