terça-feira, 26 de agosto de 2008



Face Mundana



Não vou comentar, sonhar e nem chorar
(porque tudo que há aqui é sonante)
E caridoso com meu ser, nessa apoteose;
Talvez agora deva apenas relatar dias,
Horas e algumas frações de tempo
(tempestades me esperam), és vida.

Hoje eu acordei mais velho, mais manco,
Fui querer vagar pelas calçadas com amor
Com uma caneta e o sincero gosto de café;
Acabei morrendo nas pedras, ferido por doces
Que as crianças armadas soltam na praia;
(os soldados engolem todo sal de mim)

Dias que a orla espera o gosto de lagrima,
(Não, eu não quero degustar a maresia),
Tenho uma vida, guardada num pote
No meu quarto esperando por amor.

Com a calmaria de poesia me enterro
Nas begônias que colho do meu paletó;
(Eu nunca esqueço o que sai de mim).

As fezes mundanas encobrem o afeto
E os fuzis depravam meu coração
Mesmo aqui, nesse banco, nessa singular
Nesses substantivos abstratos e incoerentes
Que surgem quando tento escrever do mundo;
Porque tudo que defendo, que amamento
Vai sumindo vagarosamente em meio as guerras.


26 de agosto de 2008, Gabriel C.

Um comentário:

Unknown disse...

Ler Gabriel ultimamente me faz entrar em sintonia um pouco com meus próprios pensamentos, as palavras certas no lugar certo, agora conseguem muito bem gerar imagens tão abstratas na mente que a cada verso pareço mergulhar num turbilhão dos sonhos, imagem por imagem, cena por cena.Mt bom!