domingo, 5 de abril de 2009



Explicações



E nesse caminho estranho, o coletivo ao devaneio
E as furtivas entristecidas fotos ao consolar-te,
Continuo construir-te também de refugio, o tempo;
Os ermos e o frio que a ti fazia, minha alegria,
Que jamais pude ser pobre na carcaça oriunda,
Contemplei por dias, alegrias, alegrias incompletas.

Murmurei nos ventres humildes, colossais como eles
E pequenos como meu, meu, meu coração;
O formidável e ilógico fruto de cor, de gosto
Eram as sangrentas batalhas tortas, agregado estar comum,
E assim jamais fui, amei a bom tempo, mas amei.

Importas-te então as morais como algo fúnebre
Que estará sempre morto, e o que é vivo é a lembrança
Dificulto-me a livros ler, todos contam passados
E as minhas poesias, férreas, contaram de mim tudo e pouco
E sendo quando citadas num porvir, serão fracas
Só eu poderei dizê-las com fervor, somente eu.

Instrumentária aquele peso de ontem escrito
Minimizaria algo de falso, tudo camuflado na cor,
Eu nunca fui feliz por um dia inteiro, nunca se é,
Percorri as prateleiras, os corredores e não;
Os poetas mortos, as melodias passadas,
Como eu chorei, o meu rosto se rasgava, eu morria.

E quando arrematava os cacos, na feira nublada
Os gritos de preço, o cheiro de porcos, o paladar
Com a fome de fim chamava ao quarto, precisas dormir;
Iludir-me-ei quando a ponta do cacto seco no deserto
Alimentar minha sede de futuro e a distancia de passado
Tenho certeza, por todo o tempo eu jamais escreveria.

Mas por breves agoras, por enquanto e enquanto
Intimamente na minha desgraça, carnívora e vermelha
Machucarei todo o meu corpo, e então sempre surrei
Todo mal que tenha em mim, todo feto que guardo
Toda essa instancia que tudo alimenta, tudo dói
Alegre completo não, tristeza não tem nome e nem se explica.



Abrindo-me novamente, Gabriel C., 6 de abril 2009

Um comentário:

Amanda/Mandy disse...
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